INTRODUÇÃO
Em 1914, o sertão nordestino foi novamente abalado por uma grande revolta popular de caráter religioso, ocorrida em Juazeiro do Norte, interior do estado do Ceará, e liderada pelo padre Cícero Romão Batista. Ao contrário do que ocorreu em Canudos, onde a população sertaneja lutou em defesa da posse da terra e de sua comunidade contra os interesses dos coronéis locais, os sertanejos de Juazeiro pegaram em armas para derrubar do poder o governador do estado do Ceará. O povo de Juazeiro, porém, lutou em defesa de uma causa que não era sua, pois a revolta popular foi preparada pelos coronéis da região com o objetivo de retomar o governo do Ceará.
CONFLITOS ENTRE OLIGARQUIAS
Em 1914, o sertão nordestino foi novamente abalado por uma grande revolta popular de caráter religioso, ocorrida em Juazeiro do Norte, interior do estado do Ceará, e liderada pelo padre Cícero Romão Batista. Ao contrário do que ocorreu em Canudos, onde a população sertaneja lutou em defesa da posse da terra e de sua comunidade contra os interesses dos coronéis locais, os sertanejos de Juazeiro pegaram em armas para derrubar do poder o governador do estado do Ceará. O povo de Juazeiro, porém, lutou em defesa de uma causa que não era sua, pois a revolta popular foi preparada pelos coronéis da região com o objetivo de retomar o governo do Ceará.
CONFLITOS ENTRE OLIGARQUIAS
Para entender as causas da Revolta ou Sedição de Juazeiro, é preciso levar em consideração a luta entre as oligarquias pela conquista do poder político. Em 1910, os Estados de São Paulo e Minas Gerais romperam com a política do "café com leite" porque não chegaram a um acordo sobre a sucessão presidencial.
As oligarquias de São Paulo uniram-se às da Bahia, e juntas apresentaram a candidatura do baiano Rui Barbosa. Minas Gerais, por sua vez, se uniu ao Rio Grande do Sul e lançou como candidato o marechal Hermes da Fonseca,que venceu as eleições.
Ao assumir a presidência, Hermes da Fonseca procurou alterar a relação
de poder das forças políticas, beneficiando as pequenas oligarquias em
detrimento das oligarquias tradicionais. Foi com esse objetivo, que o presidente
colocou em prática o que ficou conhecido como "política
salvacionista".
Consistia
basicamente em intervenções de tropas federais nos Estados, para substituir o
poder uma oligarquia por outra. O governo federal justificava as intervenções
como meio mais eficaz de acabar com a corrupção e depurar as instituições
republicanas.
O GOVERNO DO CEARÁ
A política
salvacionista foi
a principal causa da Revolta de Juazeiro. O marechal Hermes da Fonseca decidiu
intervir no Estado do Ceará com objetivo de neutralizar o poder das oligarquias
mais poderosas da região, que estavam sob controle do senador Pinheiro Machado,
um político com muita influência sobre os coronéis do Norte e Nordeste brasileiro.
A intervenção federal no Ceará derrubou do poder a
família Acioly e em seu lugar
colocou o coronel Franco Rabelo. Os coronéis aliados dos Acioly, reagiram, buscando
o apoio do padre Cícero. O deputado federal Floro Bartolomeu, aliado de Pinheiro Machado, tinha grande
influência sobre o padre Cícero.
Convenceu-o a usar sua popularidade para convencer os
sertanejos da região a participarem de um levante armado contra a intervenção
federal no Ceará. Liderados pelo padre Cícero, milhares de sertanejos pegaram
em armas e se revoltaram. O levante foi tão violento que o governo federal
cedeu, retirando o interventor e devolvendo o governo do Estado aos Acioly.
GUERRA SANTA
A condição de miséria das populações do sertão nordestino favoreceu sua
subordinação a líderes religiosos, fanáticos e demagogos, que de tempos em
tempos surgiam na região. Sob a influência do admirado e carismático Padim Ciço, os sertanejos
cearenses participaram da Revolta de Juazeiro por acreditarem que estavam
cumprindo uma missão profética e lutando numa guerra santa.
Porém,
com o retorno da família Acioly ao governo do Ceará,
o grande beneficiado foi, de fato, o mais influente oligarca da Primeira República, o senador Pinheiro
Machado. Na memória e tradição popular do povo nordestino, porém, o padre
Cícero é até os dias de hoje venerado como santo e profeta. Em Juazeiro do
Norte, um enorme monumento erguido em sua homenagem atrai, todos os anos,
multidões de peregrinos.
CÍCERO ROMÃO BATISTA
O município de Juazeiro do Norte, no Ceará, é um dos
principais pólos de religiosidade do
Brasil. Foi lá que viveu Cícero Romão Batista, o padre que tornado líder
religioso de toda a região do Cariri e até hoje, decorridos mais de 70 anos de
sua morte, ainda desperta a devoção de milhares de brasileiros, sobretudo os
nordestinos.
Nascido na cidade do Crato a 24 de março de 1844, Cícero
Romão Batista ordenou-se sacerdote em 1870 e, no Natal de 1871, celebrou a
Missa do Galo no vilarejo chamado Tabuleiro Grande, como então se chamava a
região que deu origem ao município de Juazeiro. A ocasião impactou-o
profundamente e, em abril de 1871 assumiu como pároco da pequena capela de
Nossa Senhora das Dores existente na localidade. E de lá não saiu mais.
Padre Cícero era carismático e não tardou a se espalhar
por toda a região a sua fama de místico e milagreiro. O maior de seus milagres
teria sido a transformação da hóstia sagrada em vinho ao tocar a língua da
beata Maria de Araújo, em uma missa celebrada pelo sacerdote. O evento
aconteceu ainda outras vezes, o que levou a instalação de uma comissão da
Igreja para averiguar o fato, algumas vezes comprovado e outras, não. Isto
custou grandes desentendimentos de Cícero com a Santa Sé, a ponto de ter sido
promulgada a sua excomunhão, a qual, contudo, nunca teria sido cumprida.
Além de
sacerdote, Cícero foi um grande articulador político da região, desempenhando
papéis importantes na política local e nacional. Alguns autores ressaltam
que teria tido ligações com o cangaço, citando, inclusive, um possível encontro
seu com Virgulino Ferreira, o Lampião.
O Padre Cícero morreu em 20 de julho de 1934, aos 90
anos de idade. Em sua homenagem foi erguida na cidade de Juazeiro uma estátua
de 27 metros de altura, a qual é considerada como o 4º maior monumento
religioso do mundo.
A
Juazeiro acorrem todos os anos milhares de nordestinos, a pedir a bênção ao
sempre vivo “Padim Ciço”, pagando promessas
e agradecendo outras graças recebidas por intermédio do padre, a quem se
acredita ser santo.
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